Quando pensas em felicidade, provavelmente imaginas momentos, pessoas ou conquistas pessoais. Mas já te questionaste até que ponto os espaços que frequentas são os melhores para o teu bem-estar? A arquitetura é uma ferramenta poderosa para influenciar o modo como vivemos, sentimos e experimentamos o mundo à nossa volta.
Como a arquitetura afeta o bem-estar
Espaços mal iluminados, com pouca ventilação ou desorganizados tendem a gerar desconforto e, em muitos casos, sentimentos de ansiedade. Por outro lado, um ambiente pensado ao detalhe, com atenção à funcionalidade e ao conforto, pode transformar um sítio simples num lugar onde te sentes realmente em paz.
A obra A Pattern Language, de Christopher Alexander, é uma referência no estudo da arquitetura alinhada às necessidades humanas das comunidades. Alexander explica que certos padrões arquitetónicos – como o uso da luz natural, a criação de espaços abertos e a integração de elementos naturais – são essenciais para gerar bem-estar, defendendo que espaços planeados considerando estes princípios criam um ambiente, no qual as pessoas se sentem acolhidas e felizes, promovendo uma sensação de pertença e conforto.
Iluminação natural e o humor
A luz natural tem um papel essencial no modo como nos sentimos dentro de um espaço. Estudos comprovam que a exposição à luz solar melhora o humor e ajuda a regular os ritmos circadianos – o “relógio interno” que controla o nosso ciclo de sono.
Além disso, a luz natural é a responsável por estimular a produção de serotonina no cérebro, um neurotransmissor que promove sensações de felicidade e bem-estar. Esta hormona, também conhecida como “hormona da felicidade”, ajuda a reduzir o stress, aumentar a disposição e, em muitos casos, combater sintomas de depressão sazonal, que é mais comum nos meses de inverno, quando os dias são mais cinzentos.
Se estás a planear uma remodelação ou mesmo uma construção de raíz, investir em janelas amplas e claras pode fazer uma enorme diferença no teu bem-estar diário. Além disso, a luz natural também melhora a produtividade e reduz a fadiga ocular.
Por isso, em espaços como o escritório em casa, por exemplo, garantir uma boa exposição à luz natural poderá aumentar a tua capacidade de concentração e melhorar o teu estado de espírito.
A Influência das cores no bem-estar e felicidade
As cores desempenham um papel poderoso na forma como percepcionamos e sentimos um espaço. Tons quentes, como o amarelo e o cor-de-laranja, trazem conforto e alegria, enquanto cores frias, como o azul e o verde, induzem sensações de tranquilidade e harmonia. É importante escolher as cores certas para cada divisão, tendo em conta o tipo de ambiente que queres criar.
No livro Happy by Design , o autor Ben Channon mostra como escolhas de design e cor podem impactar a felicidade e o bem-estar. Neste livro, menciona, por exemplo, que tons suaves e terrosos tendem a criar uma atmosfera calma e aconchegante, ideal para quartos ou salas de estar. Por outro lado, tons mais vibrantes e alegres, como o amarelo, são recomendados para espaços sociais, onde o convívio e a energia positiva são essenciais.
O poder dos materiais naturais
A escolha dos materiais é outro fator importante. Elementos naturais, como madeira, pedra e plantas, têm a capacidade de nos fazer sentir mais conectados com a natureza, o que se traduz numa sensação de tranquilidade e bem-estar. Estudos mostram que ambientes com plantas ou acabamentos em materiais naturais contribuem para a saúde mental.
A chamada biofilia – o conceito de que os humanos têm uma necessidade inerente de estar próximo à natureza – explica este fenómeno. Ambientes que incluem plantas, janelas com vistas para jardins ou mesmo simples objetos decorativos de madeira ou bambu criam uma atmosfera mais leve e relaxante.
Organização e espaço: menos é mais
Ambientes desorganizados ou repletos de objetos podem causar desconforto, ainda que inconscientemente. Um espaço “limpo” e bem organizado promove a paz interior e reduz o stress. A tendência minimalista de “menos é mais” ajuda a criar ambientes mais funcionais, onde cada peça tem o seu propósito e um sítio específico. Ao reduzir a quantidade de objetos e ao criares um espaço bem definido, evitas distrações e permites que tua mente se concentre no essencial. Isto pode ser especialmente importante em casas pequenas, onde o aproveitamento de cada metro quadrado é fundamental para garantir conforto e mobilidade.
Exemplo de sucesso: o caso de Singapura
Uma das cidades que mais tem investido em arquitetura com foco no bem-estar é Singapura. Ao longo das últimas décadas, a cidade tem promovido espaços verdes, edifícios com ventilação natural e projetos que permitem o aproveitamento da luz solar. O resultado é um ambiente urbano que promove a saúde e o bem-estar dos seus habitantes, ao mesmo tempo que incentiva uma vida mais sustentável. Outra curiosidade interessante é que Singapura foi considerada uma “Bluzone”, onde as pessoas vivem mais tempo, mesmo por causa do planeamento urbano.
Singapura é um exemplo de como a arquitetura pode ser planeada com o objetivo de gerar felicidade, através de edifícios esteticamente bonitos, que proporcionam qualidade de vida e equilíbrio.
Outro exemplo relevante, que inclusive já falamos aqui no blog do CURO, é a cidade de Medellín, considerada em meados dos anos 90 como uma das “mais perigosas do mundo”, que passou a ser reconhecida como “a cidade mais inovadora do mundo” a partir da arquitetura.
Como integrar a arquitetura do bem-estar na tua vida?
Começa com pequenas mudanças:
- Reorganiza o espaço – Livra-te de objetos desnecessários e mantém apenas o que realmente usas e gostas.
- Investe em luz natural – Caso não possas aumentar as janelas, usa cortinas leves para maximizar a entrada de luz.
- Adiciona plantas – Mesmo uma planta pequena numa prateleira pode melhorar o ambiente.
- Opta por materiais naturais – Sempre que possível, escolhe madeira, pedra ou outros materiais que tragam a natureza para dentro de casa.
Sê Feliz!
A arquitetura e o design de interiores têm um papel essencial na promoção do bem-estar e da felicidade. Um espaço bem pensado, que equilibra funcionalidade e estética, proporciona conforto, promove o relaxamento e apoia nosso equilíbrio emocional. Ao investir na criação de ambientes que refletem as tuas necessidades e preferências, também estarás a investir na qualidade de vida e no teu bem-estar geral. Afinal, a felicidade começa em casa, no ambiente que criamos para aqueles que amamos. Se estás a pensar reabilitar uma moradia ou construir de raiz, lembra-te do CURO! Fala connosco.