Envelhecimento ativo e arquitetura: por um Portugal mais inclusivo

Envelhecimento ativo e arquitetura: por um Portugal mais inclusivo

O envelhecimento da população portuguesa é uma realidade incontornável. Com mais de 2,5 milhões de pessoas com 65 ou mais anos, Portugal é um dos países mais envelhecidos da União Europeia. A média de idade da população aumentou de 38 para 47 anos nas últimas duas décadas, e o número de centenários ultrapassou os 3.000. Este cenário demográfico exige uma reflexão profunda sobre como a arquitetura pode e deve adaptar-se para promover o envelhecimento ativo e a inclusão social, garantindo acessibilidade, segurança e bem-estar para todos.

O papel da arquitetura no envelhecimento ativo

O envelhecimento ativo refere-se à otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança para melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem. A arquitetura adaptada é fundamental para alcançar este objetivo, pois influencia diretamente a mobilidade, autonomia e integração social dos idosos. 

Em Portugal, a legislação já reconhece a importância da acessibilidade. O Decreto-Lei nº 163/2006 estabelece as normas técnicas para a acessibilidade nos edifícios e estabelecimentos que recebem público, vias públicas e edifícios habitacionais. 

Princípios de design inclusivo e universal

O design inclusivo visa criar ambientes que possam ser utilizados por todas as pessoas, independentemente da idade ou capacidade. Alguns princípios fundamentais incluem:

  • Acessos sem barreiras: rampas suaves, corredores amplos e ausência de degraus facilitam a mobilidade.
  • Iluminação adequada: iluminação uniforme e sem ofuscamento é essencial para prevenir acidentes.
  • Pisos antiderrapantes: reduzem o risco de quedas, especialmente em áreas molhadas como casas de banho e cozinhas.
  • Mobiliário ergonómico: cadeiras com apoio de braços e camas ajustáveis aumentam o conforto e a autonomia.
  • Tecnologia assistiva: integração de sistemas inteligentes que auxiliam nas tarefas diárias, como sensores de movimento e comandos de voz.

arquitetura para idosos

Acessibilidade no ambiente doméstico: a casa como espaço de autonomia

Num país onde a maioria dos idosos prefere envelhecer em casa, conceito conhecido como envelhecimento no lugar, a acessibilidade nas habitações ganha uma importância redobrada. As casas, muitas vezes projetadas para famílias jovens e sem limitações físicas, tornam-se armadilhas para pessoas com mobilidade reduzida, visão comprometida ou limitações cognitivas.

A adaptação da casa deve começar pelas entradas, com rampas suaves e portas largas, permitindo a passagem de cadeiras de rodas ou andarilhos. No interior, é essencial eliminar obstáculos como tapetes soltos, degraus e mobiliário mal posicionado. Corredores e divisões devem ter largura mínima suficiente para facilitar a circulação e permitir manobras com auxiliares de locomoção.

A casa de banho é uma das áreas de maior risco. A instalação de barras de apoio, assentos para banho, bases de duche ao nível do chão e torneiras de alavanca são medidas eficazes para prevenir quedas. A cozinha também deve ser adaptada, com bancadas a alturas acessíveis, armários com puxadores ergonómicos e eletrodomésticos de fácil operação.

Estas adaptações promovem a independência, o conforto e a segurança, permitindo que os idosos mantenham o controlo sobre o seu quotidiano, dentro do espaço que mais lhes pertence: o lar.

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Desafios e oportunidades da arquitetura para idosos em Portugal

Além do espaço doméstico, é importante olharmos para os locais públicos.
Apesar dos avanços, muitos edifícios e espaços públicos em Portugal ainda não estão adequadamente adaptados para a população idosa. A reabilitação de construções antigas e a sensibilização dos profissionais da arquitetura são passos essenciais para promover ambientes mais inclusivos.

A colaboração entre arquitetos, urbanistas, autoridades e a comunidade é fundamental para desenvolver soluções que atendam às necessidades de todos. Investir em formação e em políticas públicas que incentivem a acessibilidade pode transformar os desafios do envelhecimento populacional em oportunidades para criar um Portugal mais justo e inclusivo.

Um CURO para todos

O envelhecimento da população portuguesa é uma realidade incontornável que exige respostas concretas e eficazes. A arquitetura adaptada e o design inclusivo são formas de promover o envelhecimento ativo, garantindo que todos, independentemente da idade ou capacidade, possam viver com dignidade, segurança e autonomia.

Ao repensar os espaços que habitamos, estamos a construir não apenas edifícios, mas uma sociedade mais solidária e preparada para o futuro.

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