Construir a tua própria casa de raiz em Portugal pode parecer um sonho distante, mas acredita: é mais possível do que pensas. Se já te imaginaste a escolher cada detalhe, desde a planta da sala até à cor das janelas, este guia é para ti. Vou mostrar-te, passo a passo, tudo o que precisas de saber para erguer a tua moradia: terreno, licenças, custos, tempo de obra e até truques de arquiteta para evitar dores de cabeça.
Porquê construir uma moradia de raiz em Portugal?
Muita gente pergunta: vale a pena construir em vez de comprar?
A verdade é que construir de raiz dá-te uma liberdade que nenhuma casa usada te dá. Tu decides o layout, o estilo arquitetónico, os materiais e até os pormenores que fazem a diferença no dia a dia (uma cozinha maior, mais luz natural, painéis solares…).
Isso não quer dizer que seja melhor ou pior do que comprar uma moradia já pronta. Afinal, cada escolha tem os seus prós e contras. A construção de raiz dá-te mais controlo e personalização, mas comprar pronto e remodelar pode ser mais rápido e menos stressante.
Além disso:
- Uma casa nova pode ser mais eficiente energeticamente.
- Consegues adaptar o projeto às tuas necessidades reais, com mais facilidade.
- Podes poupar a médio/longo prazo, porque tens menos gastos com remodelações.
Etapas essenciais para construir a tua moradia de raiz em Portugal
Construir não é só assentar tijolos. O processo tem várias fases que deves conhecer para não seres apanhado de surpresa.
1. Escolher o terreno certo
Não basta gostar da vista ou da localização. Tens de verificar:
- Qual a categoria em que se insere o terreno no Plano Diretor Municipal (PDM).
- Se tem acessos fáceis (estrada, eletricidade, água, saneamento).
- A inclinação e o tipo de solo (um terreno “difícil” pode aumentar custos).
2. Contratar arquiteto e engenheiro
O arquiteto é quem vai transformar o teu sonho em projeto, mas o papel dele vai muito além de “desenhar plantas”. Um bom arquiteto ajuda-te a pensar no espaço de forma funcional, estética e sustentável. É ele que garante que a tua casa não é apenas bonita no papel, mas também confortável e eficiente no dia a dia.
Além disso, o arquiteto trata da parte burocrática junto da Câmara Municipal, assegura que o projeto cumpre as regras urbanísticas e pode até acompanhar a obra para evitar erros que custam caro.
Já o engenheiro foca-se na parte estrutural: calcula fundações, betão, segurança, resistência de materiais. Em Portugal, tanto o arquiteto como o engenheiro são obrigatórios em projetos de raiz.
3. Projetos e licenças
Antes de construir, tens de submeter o projeto de arquitetura à Câmara Municipal. Aqui entram taxas e prazos que variam de concelho para concelho.
E sim, é possível que o projeto seja recusado. Isso acontece quando não cumpre as regras do Plano Diretor Municipal (PDM), quando ultrapassa índices de construção permitidos para o terreno, ou se não respeitar restrições ambientais ou patrimoniais.
Por isso, é fundamental ter um arquiteto a liderar o processo, porque ele já sabe interpretar os regulamentos locais e pode adaptar o projeto para aumentar as hipóteses de aprovação.
Depois do projeto de arquitetura aprovado, ainda há os projetos de especialidades (estruturas, águas, eletricidade, gás, acústica, etc.), que também precisam ser entregues e validados.
Se quiseres uma piscina, garagem subterrânea ou outro elemento extra, também podem ser necessárias licenças adicionais.

4. Orçamento e custos médios
Em 2025, o custo de construção anda, em média, entre 1.000 € e 1.500 € por m², dependendo da região, da complexidade do projeto e dos acabamentos escolhidos.
O Estado utiliza um valor médio para efeitos de avaliação fiscal, que não reflete os custos reais de mercado. Em 2025, esse valor é de 532 €/m², a que acresce 25 % (valor do terreno), resultando num total de 665 €/m². Já a página do Santander refere uma média de 950 a 1 500 €/m² para construção tradicional, enquanto no portal Habitissimo, ao pedirem orçamentos para construção “chave-na-mão”, os valores médios rondam 1 500 €/m², com variações regionais.
O Norte de Portugal tende a ser mais barato do que o Algarve ou a Grande Lisboa, onde a mão de obra e os terrenos são mais caros. Mas atenção: estes valores são apenas uma base de referência.
Os custos podem variar consideravelmente se optares por:
- Materiais e acabamentos de luxo (mármore, madeiras nobres, tecnologia integrada, cozinhas topo de gama).
- Profissionais mais qualificados, com experiência em projetos de alto nível.
- Soluções sustentáveis, como painéis solares, sistemas de captação de águas pluviais ou isolamento reforçado.
Também deves contar com imprevistos. É recomendável reservar sempre uma margem de 10 a 15% do orçamento total para despesas extra que possam surgir durante a obra.
5. Escolher o empreiteiro e fiscalizar a obra
Não escolhas apenas pelo preço mais baixo. Um empreiteiro barato pode acabar a obra fora do prazo, com acabamentos de menor qualidade ou até problemas estruturais.
Antes de assinar o contrato, faz isto:
- Visita obras anteriores: vê o trabalho que o empreiteiro já realizou.
- Fala com clientes anteriores: pergunta sobre prazos, qualidade e comunicação.
- Contrato detalhado: assegura que inclui prazos, penalizações por atraso, garantia da obra e todos os serviços contratados.
- Fiscalização contínua: acompanha a obra regularmente, e é obrigatória para a obtenção da licença de construção e para garantir que tudo é executado conforme o projeto, desde os materiais até aos acabamentos.
Lembra-te: construir de raiz dá liberdade, mas também exige atenção constante. Uma fiscalização rigorosa evita surpresas e garante que a tua moradia será exatamente como planeaste.
6. Construção fase a fase
- Fundação e estrutura
- Paredes e telhado
- Instalações (eletricidade, canalização, climatização)
- Revestimentos e acabamentos
7. Vistoria final e licença de habitação
Quando a obra termina, a Câmara Municipal realiza a vistoria final. Um técnico vai verificar se a casa foi construída conforme o projeto aprovado e se cumpre todas as normas de segurança, habitabilidade e urbanismo.
Só depois de aprovada esta vistoria e a entrega de outros documentos é que recebes a licença de habitação. Sem este documento:
- Não podes viver legalmente na casa;
- Não podes vender a propriedade;
- Não podes ligar serviços essenciais como água, luz e gás de forma definitiva.
Alguns pontos importantes a ter em conta:
- Pequenos ajustes podem ser exigidos: às vezes a Câmara pede pequenas correções antes de emitir a licença.
- Documentação completa: tens de entregar todos os projetos de especialidades, certificados de materiais e relatórios dos profissionais obrigatórios.
- Prazo de emissão: pode variar de concelho para concelho, normalmente algumas semanas após a vistoria, mas convém prever algum tempo extra.
Ter o arquiteto ou engenheiro a acompanhar esta fase é essencial, pois asseguram que tudo está em ordem e que não surgem problemas que atrasem a emissão da licença.
Quanto custa construir uma moradia de raiz em Portugal em 2025?
Aqui tens uma ideia realista:
- Terreno: varia muito (podes pagar 20.000 € no interior do país ou 300.000 € perto de Lisboa).
- Projeto + taxas municipais: entre 5.000 € e 15.000 €.
- Construção: 1.000 € a 1.500 €/m².
- Custos extra (licenças, fiscalizações, ligação a redes): 10.000 € a 30.000 €.
Exemplo prático: uma moradia de 150 m² pode custar entre 200.000 € e 300.000 €, sem contar com o terreno.

Quanto tempo demora a construção?
Normalmente, entre 12 e 24 meses, dependendo de:
- Tempo de aprovação do projeto pela Câmara (às vezes é o mais demorado).
- Clima (chuva atrasa obras).
- Disponibilidade de empreiteiros.
Se planeares bem e tiveres uma equipa organizada, consegues aproximar-te dos 12-15 meses, contudo devido à crescente necessidade de construção os prazos estão cada vez mais longos.
Dicas do CURO para evitar dores de cabeça
- Não escolhas apenas pelo preço mais baixo do empreiteiro.
- Pede sempre orçamentos detalhados e compara item a item.
- Pensa em sustentabilidade: painéis solares, bom isolamento, janelas eficientes.
- Cria espaço de arrumação extra. Acredita, nunca é demais!
- Deixa a luz natural entrar.
Conta com o CURO
Construir uma moradia de raiz em Portugal exige planeamento, paciência e investimento, mas o resultado é uma casa feita à tua medida. Seguindo este guia, evitas erros comuns e chegas ao fim com algo que realmente é teu: não apenas uma casa, mas a concretização de um sonho.
Se estás a pensar dar este passo, começa já a pesquisar terrenos e fala com a nossa equipa. O futuro “eu” vai agradecer-te.